14/11/2008

Romance Sertanejo

(14-11-08)


"Virgulino e Maria" retrata as últimas horas de Lampião e Maria Bonita.

Difícil não pensar em Lampião e Maria Bonita como mitos. História oficial e crendice popular se juntaram para criar a imagem de um casal de bandoleiros sanguinários que corria o sertão portando cartucheiras e exibindo ornamentos de ouro e prata, impondo uma ordem paralela à do poder público enquanto cantavam Mulher Rendeira em meio aos cáctus.

Hoje e amanhã, entretanto, o público gaúcho poderá conhecer Lampião e Maria Bonita simplesmente como homem e mulher que se amam.


Adriana Esteves e Marcos Palmeira
em Porto Alegre (14-11-08)


Quem explica a proeza é Adriana Esteves, falando por telefone desde o Rio. Repetindo a parceria com Marcos Palmeira, com quem ela formou par romântico nas novelas Renascer (1993) e Torre de Babel (1998), os dois interpretam as últimas horas de vida de Lampião e sua companheira, antes de serem metralhados na grota de Angicos ao amanhecer de 28 de julho de 1938. O objetivo do dramaturgo Marcos Barbosa e do diretor Amir Haddad é humanizar a dupla, enxergá-los como pessoas que discutem sobre a vida, o destino da filha, a iminência da morte.

– Nossos figurinos não são típicos de cangaceiros. Não forçamos um sotaque sertanejo. Poderíamos usar jeans e camiseta quase todo o espetáculo que o efeito seria o mesmo – comenta Adriana.

O efeito que a peça Virgolino e Maria – Auto de Angicos pretende é flagrar a cumplicidade de duas pessoas sempre com a vida por um fio, provocando ao mostrar dois bandoleiros como capazes de amar, de se emocionar, de rir e de fazer rir.

– Claro que os personagens acabam discutindo corrupção, compra de armas, violência, a venalidade das elites. E é aí que a peça ganha um ar de atualidade que chega a espantar. O sertão de Lampião pode ser qualquer lugar – comenta em tom sério a atriz carioca que estrela o humorístico Toma Lá Dá Cá.


Fonte: Zero Hora.

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